sábado, 22 de janeiro de 2011



Como eu gostaria de ser letrada. Tradutora a decifrar os meus versos entranhados.
Que sentimento estranho é esse que me amordaça e pressiona o peito.
Que me cega e atormenta?
Que confusão mental me domina e me cala o peito e me põe a rir histéricamente?
Uma aparência de normalidade no cabelo matematicamente organizado separado no meio em uma linha fina dividindo o esquerdo e o direito, luz e breu, bem e mau.
Uma dança em passos tímidos a bailar lentamente uma melodia satãnica ritimada pelo meu coração.
Um passo a direita. Um passo a esquerda. Um redopio!
Minha alma se lança no espaço desconhecido traçado pelo meu próprio compasso.
Na dança frenética e ensaiada o sentimento não consegue aflorar.
O dia não é tranquilo.
A noite não é tranquila.
Nada me deixa tranquila.
Quero traduzir o que me consome.
Preciso traduzir essa confusão, esse rítmo triste...
Não sei o que é isso.....



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010


A PASSAGEIRA



Ahhh...não quero mais pecar.
Não quero mais desviar os meus caminhos...
Quero amar a todos sem distinção e percorrer estradas que a vida escolheu para me dar.
(A vida sou eu!)

Sinto o chamar dos ventos
que desarrumam os meus cabelos
que levantam as saias
que encrespam as águas...
E quero responder aos ventos
com o meu sorriso teso
com o meu olhar distraído
com meu corpo preguiçoso.

Não quero mais pecar me negando
aos apelos dos meus desejos
nem blasfemar dizendo que não
quando toda eu afirma que sim.

Quanta coisa se perde por bobagem
quando se perde por medo
quanto se, quando se quer!

Eu nem sei mais se quero ir embora
ou se me enterro nesse campo
sei que ardo no meu canto
e nem sequer me espanto!

Como eu era uma criança quando parti
deixando pra trás a vida.
Segui um caminho alegre, todo colorido.
Muito riso, muito canto, muito tudo!
Não acreditava na velhice.
Não acreditava no amargor.
E fui! Caminhando sem grandes pedras, sem medo e sem nada.

E nesse encanto o bonde passou
e eu alegremente acenava para ele
e deitava e rolava de alegria
no prazer de me perder em cada esquina, em cada olhar.
E delirava olhando o mar, me encantava com as ondas,
quaisquer que fossem elas.

Nas horas de frio olhava a minha mala
e sabia que ainda dava tempo.
Mas ninguém me chamava.
E eu acreditava que aquele lugar era meu.
O tempo era meu
Assim como o sorriso era de mim para o mundo
e acreditava que ele sorria para mim.

Enquanto jovem o mundo sempre sorri,
sempre te abraça e te quer.
O mundo te faz acreditar nos coloridos
que enxergamos.

Até que um dia olho no espelho
e sinto que o tempo passou e
que agora não há mais tempo.
Que o bonde passou e finalmente entendi
que todos que estavam dentro dele
não acenavam para mim.
Eles se despediam.

Agora acredito que ninguém espera.
Casualmente alguém para.
Casualmente você esbarra.

Todos com seus pares
e eu orgulhosamente caminho
levando um sorriso que me custa sustentar
assim como me custa andar com esse estandarte
de uma liberdade que agora não quero mais.
Que não me serve mais.
Que não faz mais sentido.
Que me pesa demais.

Sinceramente para mim eu confesso o quanto me pesa,
o quanto me mutila.
E que arde tanto quanto
ou muito mais que o sol nos meus olhos.

Tantos sonhos, tantas crenças
que acredito ainda que podem ser realizadas.
Fica a cargo do tempo voltar,
da minha juventude se restabelecer,
para que eu possa fazer tudo de forma diferente.

É tudo muito distante e deserto
e dentro de mim essa festa toda.
Embalando meus sonhos
e sendo embalada pela realidade.

Não tem nada muito triste.
Não tem nada muito feliz.
É uma vida normal que ficou assim.


(Hoje não me perco mais nos corpos vazios.
Não há mais aonde se perder.
Não há mais força e nem tantos desejos.

A liberdade me agrilhoou com suas garras impiedosas e seu sorriso é malsã.
E nem sentia o mal que fazia o seu veneno.
Afinal eu acreditei que era mais venenosa que a própria vida.

Com certeza continuo sorrindo
continuo contente
continuo pra frente.

Somente eu sei a dor que me consome.

(*foto do arquivo de Bia Branco)



(Trago na memória o rostinho meio que triste e sem entender o laço desfeito parado na porta com a mochilinha pendurada nas costas. Rostinho de anjo aquele que acabava de ser abortado da vida e que desde menininho já tinha a difícil tarefa de ser um homem. Trago essa foto na minha bagagem.)







domingo, 22 de novembro de 2009

Coisa chata essa história de senha!
Esse mês foi uma coisa de correr atrás de senha que esqueci, que perdi...que roubaram.
Pensei que tivesse perdido a senha desse blog.
Parece que tenho que vir aqui todo dia para manter o blog funcionando.
Muito chato isso.


quinta-feira, 18 de junho de 2009

A VIAGEM


Acabo de chegar do médico de coração.Minha consulta seria pra 10:30 hs. E quando estava dando meio dia, eu estava conversando com uma senhora bem mais velha que eu acompanhada do filho, quando falei:- Vou almoçar, pois fazer teste de resistência com fome a gente pode até morrer!!!!
E se eu morrer agora, quero estar sem fome, com o estômago cheio, por que não sei o tamanho da viagem!Não sei se tem parada pra lanchinho. Afinal, ninguém voltou pra falar se distribuem comidinhas pro viajante!
E lá fui eu pro restaurante.
Quando voltei a senhora e o filho dela não estavam. Chegaram depois...
E ela me confessou:
- Vc tem razão. melhor morrer de estômago cheio...sem fome! Essa viagem, dizem alguns é meio comprida...
Ficamos rindo da situação.
Ela foi atendida e saiu são e salva do teste de resistência.Depois eu de mais um paciência foi a minha vez...Entrei reclamando do tempo perdido na sala de espera. Mas avisei ao médico que tinha almoçado pra caso acontecesse a viagem.
Ficamos rindo desse meu pensamento.

quinta-feira, 4 de junho de 2009


Sou uma pequena colecionadora de pedras.
Prefiro as coloridas e translúcidas. Mas na verdade gosto de todas.
E tenho muitas coisas diferentes na minha coleção.
E os amigos vendo essa minha paixão por essas coisas miudas, e as vezes nem tanto, me perguntam:
- Por que vc coleciona pedras? Por que ...PEDRAS???
Na verdade eu não sei.
Não me lembro quando isso começou ou como foi que eu me deparei com esse amontoadinho de coisinhas cintilantes dentro de caixas e mais caixas...sem nomes ou qualquer coisa que pudesse dizer algo sobre elas.
Eram pedras apenas...que me acalmam e fazer o dia passam mais leve.
Sempre acreditei que as pedras tem vida!
Oras...não é por que não a vemos nascer e crescer que elas não tem vida!
É claro que tem!!!
Só que o nascer, crescer e morrer das pedras é tão lento que é imperceptível aos olhos. E justamente por que não conseguimos enxergar as pessoas dizem que elas não tem vida!
Pois pra mim elas não só tem vida, como tambem tem memória!!!
Certo dia encontrei outros loucos como eu e eles começaram a ver a minha coleção. E diziam:
- Puxa...vc tem muita coisa boa. Mas essa sua "coleção" não passa de um "amontodinho"!
Pronto...fiquei indignada. E lá fui eu atrás pra saber como transformar o "amontoadinho" em uma coleção!
Comprar caixinhas, etiquetas, separar, catalogar...
Uma parafernália de coisas...tão sem sentido...tão sacais...por que eu só quero mesmo é ver minhas pedrinhas cintilando quando eu precisar delas...
Essa curiosidade sobre as pedras é que me movem em viagens.
Lá vou eu ver outros horizontes buscando novas pedras diferentes.
E nisso acabei chegando na Chapada dos Veadeiros. E foi lá que me dei conta do que as pedras significavam pra mim:

MEMÓRIA!!!

No Vale do Lua que é um lugar aonde um rio caudaloso passa por entre pedras arredondadas eu encontrei uma que me cabia. Abracei e foi como se eu sentisse o calor e o aconchego da pedra em mim.
E me emocionei nesse encontro.
E na trilha que fiz indo conhecer uma cachoeira, fiquei olhando as montanhas de pedras que pareciam que ia cair em cima de mim de tão alta!
Fiquei olhando aquela coisa gigantesca, imponente...e percebi o quanto eu era....uma areia! Um grão....um nada!
Percebi que eu e toda a minha geração virá e irá...e aquela montanha estará ali...gigantesca e imponente!
Fiquei olhando aquela estrutura e imaginando quantas coisas já viu! De quantas coisas participou!
Afinal, pra mim elas vivem. De uma forma diferente, mas vivem!
E todas as vezes que vejo uma pedra, seja de onde for, fico imaginando a trajetória que ela viveu pra chegar ali na minha mão.
Até Maria Bethania em um de seus discos cantou, ou recitou:
"AS PEDRAS TEM SUA BELEZA. É SÓ OLHA-LAS DE VAGAR!"
Experimente pegar uma pedra e olhar bem lentamente pra ela...ela com certeza irá mostrar a sua beleza!






terça-feira, 12 de maio de 2009


É fim de tarde.
Gostaria de não estar tão povoada de pensamentos e de lembranças.
Mas as lembranças me fazem pensar... e relembrar.
Faz quanto tempo, heim?
Nem lembro mais quando foi a última vez que ouvi a sua voz.
Ou que minha mão tocou o seu rosto.
Ou que a sua mão tocou a minha mão.
Não lembro quando foi o nosso último encontro.
Mas lembro quando a gente se despediu de forma definitiva.
Não consigo lembrar de quando ou como ou por que foi assim.
Como também não consigo tocar no que sobrou.
O que sobrou?
Uma máquina fotografica?
Uma muda de roupa velha...sapatos e uma sandália?
Escova de dentes, aparelho de barbear?
Objetos que não fazem falta. E nem é motivo pra se buscar.
O que sobrou além disso?
Uma fotografia da gente juntos. Vejo a foto e finalmente consigo decifrá-la. Nao há nada na foto além de dois rostos risonhos e vazios. Tristes!
E mais nada sobrou além desse amontoado de recordação empoeirada de nada.
Qual era a nossa música? O que nos embalava? O que nos enlaçava?
Agora perdidos um do outro...não!
Agora distantes um do outro como sempre fomos.
- Nos conhecemos???
Nada disso assusta. Mas espanta!
Espanta ver o fim que não se dá conta de quando foi.
Espanta não ver nada além do imenso vasio do nada que nunca houve.
É fim de tarde e me sinto lançar nas ondas do mar.
Eu me jogo dentro do mar que me lava a alma e me assusta!
























sexta-feira, 17 de abril de 2009

O SER É UM SER SÓ!







Quando nasci...
Quando nasci não me lembro quem me levava pela mão até os braços de minha mãe.
Tão pouco me lembro se havia alguém ali a me destiná-la.
Nasci de parto normal.
Solitariamente, antes dos primeiros instante, abria o caminho pelo caminho natural.
Já era uma brava guerreira antes mesmo de nascer.
Então nasci e chorei sozinha também.
Acalentada por colo aquecido de mãe que ainda me era estranha.
A medida que fui crescendo, percebi que sozinha eu crescia.
Tinha, é claro, os cuidados e carinhos vindo da família.
Mas era EU quem tinha que resolver dentro de mim todos os sentimentos, sensações, desconfortos que me chegavam e me asolavam o espírito.
Somente eu poderia reagir. Eu quem poderia digerir. E decidir.
Era eu. Somente eu.
Sozinha novamente igual como nasci.
Na minha adolescência, em uma conversa com o meu irmão sobre a necessidade das coisas e de se fazer determinadas coisas, ele me contou um diálogo entre o EU E O OUTRO EU, que era exatamente assim:
- É NECESSÁRIO?
E o outro respondia categoricamente:
- SIM! É NECESSÁRIO!
O primeiro personagem entedia e decidia a questão:
-ENTÃO...QUE SE FAÇA!
E eu entendi mais uma vez, que se alguém tinha que fazer alguma coisa era eu mesma por mim.
E decidi várias coisas da minha vida. Sozinha.
Por várias vezes me peguei aos prantos chorando a minha solidão.
Pranteava o meu corpo e minha alma, ali...solitariamente...
Quando foi a época de prestar vestibular, mais uma vez em uma conversa com o meu irmão, pois eu tinha tantos sonhos, tantos "poréns", tantos "quesitos", que ele achou importante me dizer:
- O SER HUMANO SÓ PODERÁ FAZER ALGUMA COISA POR SI MESMO QUANDO ELE SE DESCOBRIR UM SER SÓ!
E eu, inexperiente assim como ele, não imaginava que o SER tivesse que ser ou devesse ser, assim tão só.
Eu me formei e fui buscar em outras paragens alguém que pudesse seguir comigo um caminho.
Não o meu. Também não o dele. Mas um caminho de nós dois.
Encontrei vários amigos. Encontrei muitos homens. Estive em muitos lugares. Vivi muitas coisas. Experimentei todas elas.
Mas...continua só.
Os amigos, cada um tinha sua experiencia pra viver.
Os homens, cada um um novo amor.
Os lugares me apeteciam mas sempre tinha que ir embora.
Tudo o que vi, era a minha própria imagem.
Eu e eu. Sozinha.
E assim a vida tem se mostrado.
Mesmo com pessoas próximas tendo seus pares.
Mesmo com amigos que celebram.
Mesmo com telefones que aproximam...
..tudo é tão solitário.
Mais uma vez vou entrar em uma sala de cirurgia.
Uma pequena interveção cirurgica que salva a minha vida e ao mesmo tempo atesta o estado de SER SÓ.
Na mesa, meu corpo estendido e indefeso não poderá ser defendido por mim e por ninguém.
O medo, a dor será apenas minha...
O que eu sinto, mesmo compartilhado não me será menos pesado.
E mais uma vez a vida me atesta que a vida é mesmo muito solitária.
Que eu, assim como todos, somos solitários.
Nascemos e crescemos seguindo o dedo amoroso de nossos pais. Mas de forma solitária.
Celebramos a alegria, a felicidade, o encontro. Cada um de forma intensamente ímpar. E por isso, vivenciada de forma solitária.
E morremos sozinhos.

Não me lembro se eu segurava a mão de alguém quando aqui cheguei.
E não sei se alguém segurará a minha mão me mostrando o caminho quando eu for embora.
O SER É UM SER SÓ!