sexta-feira, 17 de abril de 2009

O SER É UM SER SÓ!







Quando nasci...
Quando nasci não me lembro quem me levava pela mão até os braços de minha mãe.
Tão pouco me lembro se havia alguém ali a me destiná-la.
Nasci de parto normal.
Solitariamente, antes dos primeiros instante, abria o caminho pelo caminho natural.
Já era uma brava guerreira antes mesmo de nascer.
Então nasci e chorei sozinha também.
Acalentada por colo aquecido de mãe que ainda me era estranha.
A medida que fui crescendo, percebi que sozinha eu crescia.
Tinha, é claro, os cuidados e carinhos vindo da família.
Mas era EU quem tinha que resolver dentro de mim todos os sentimentos, sensações, desconfortos que me chegavam e me asolavam o espírito.
Somente eu poderia reagir. Eu quem poderia digerir. E decidir.
Era eu. Somente eu.
Sozinha novamente igual como nasci.
Na minha adolescência, em uma conversa com o meu irmão sobre a necessidade das coisas e de se fazer determinadas coisas, ele me contou um diálogo entre o EU E O OUTRO EU, que era exatamente assim:
- É NECESSÁRIO?
E o outro respondia categoricamente:
- SIM! É NECESSÁRIO!
O primeiro personagem entedia e decidia a questão:
-ENTÃO...QUE SE FAÇA!
E eu entendi mais uma vez, que se alguém tinha que fazer alguma coisa era eu mesma por mim.
E decidi várias coisas da minha vida. Sozinha.
Por várias vezes me peguei aos prantos chorando a minha solidão.
Pranteava o meu corpo e minha alma, ali...solitariamente...
Quando foi a época de prestar vestibular, mais uma vez em uma conversa com o meu irmão, pois eu tinha tantos sonhos, tantos "poréns", tantos "quesitos", que ele achou importante me dizer:
- O SER HUMANO SÓ PODERÁ FAZER ALGUMA COISA POR SI MESMO QUANDO ELE SE DESCOBRIR UM SER SÓ!
E eu, inexperiente assim como ele, não imaginava que o SER tivesse que ser ou devesse ser, assim tão só.
Eu me formei e fui buscar em outras paragens alguém que pudesse seguir comigo um caminho.
Não o meu. Também não o dele. Mas um caminho de nós dois.
Encontrei vários amigos. Encontrei muitos homens. Estive em muitos lugares. Vivi muitas coisas. Experimentei todas elas.
Mas...continua só.
Os amigos, cada um tinha sua experiencia pra viver.
Os homens, cada um um novo amor.
Os lugares me apeteciam mas sempre tinha que ir embora.
Tudo o que vi, era a minha própria imagem.
Eu e eu. Sozinha.
E assim a vida tem se mostrado.
Mesmo com pessoas próximas tendo seus pares.
Mesmo com amigos que celebram.
Mesmo com telefones que aproximam...
..tudo é tão solitário.
Mais uma vez vou entrar em uma sala de cirurgia.
Uma pequena interveção cirurgica que salva a minha vida e ao mesmo tempo atesta o estado de SER SÓ.
Na mesa, meu corpo estendido e indefeso não poderá ser defendido por mim e por ninguém.
O medo, a dor será apenas minha...
O que eu sinto, mesmo compartilhado não me será menos pesado.
E mais uma vez a vida me atesta que a vida é mesmo muito solitária.
Que eu, assim como todos, somos solitários.
Nascemos e crescemos seguindo o dedo amoroso de nossos pais. Mas de forma solitária.
Celebramos a alegria, a felicidade, o encontro. Cada um de forma intensamente ímpar. E por isso, vivenciada de forma solitária.
E morremos sozinhos.

Não me lembro se eu segurava a mão de alguém quando aqui cheguei.
E não sei se alguém segurará a minha mão me mostrando o caminho quando eu for embora.
O SER É UM SER SÓ!








Um comentário:

  1. exatamente isso minha amiga, sabemos quem somos quando somos sós, e essa é a condição dos homens, ser só, unico, sozinho, e isso não é ruim não, é o que nos faz crescer!

    beijo
    Ju

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